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VASCO, VALENCIA E VINI JR: O racismo no futebol.

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CANGAÇO NOVO: Uma série que marca a dramaturgia nacional.

  CANGAÇO NOVO : Uma série que marca a dramaturgia nacional. ©José Viana Filho A série CANGAÇO NOVO retrata com mestria, a violência dos assaltos as agências bancarias no interior do Nordeste. Engana-se quem pensa que a obra é somente violência e ação: a narrativa é entrelaçada de conflitos, tais como, disputa política de grilagem de terras, a precariedade da distribuição da água em terras secas nordestinas, disputa de poder político, religiosidade e pobreza. Visto com esse prisma, o crime organizado ganha ainda mais poder de exposição. Os novos cangaceiros do nordeste, aqui vivendo em Cratará, fictícia cidade do sertão cearense, são frutos de todo esse caleidoscópio social. Partindo desse enredo vemos Ubaldo, interpretado de forma magistral por Allan Souza Lima, ir atrás de uma herança de terra, depois de descobrir uma carta no quarto de seu pai adotivo. Essa é a faísca que o roteiro precisa para explodir, ou melhor, nos apresentar a trama. Começamos a entender a “missão” de Ubaldo

Série "Succession" da HBO

  Série Succession da HBO ©José Viana Filho Um dos grandes sucessos da HBO, a série Succession (2018) é um caleidoscópio de sucessivas disputas familiares que envolve dinheiro, traição, acordos, como também, conflitos de casais, de irmãos, de trabalho. Tudo pincelado com a irônica, e porque não dizer, cruel linguagem do capitalismo de fusões, incorporações , mercado de ações dentro do bizarro  jogo de compra e venda de empresas e conglomerados. A figura central de toda trama é o patriarca da família Roy: tudo gira em torno do magnata do entretenimento dos EUA. Logan Roy é vivido magistralmente pelo ator escocês Brian Cox. O ator eleva a qualidade da interpretação, por impor ao seu personagem empatia imediata ao telespectador. Cox entra para o rool seleto de vilões, que nos supreendem pelas atitudes horrendas. São figuras que adoramos e até torcemos por suas ações maldosas, assim como, pela presença em tela e fina exposição dos diálogos do seu personagem. O elenco aliás, guiados p

© SÉRIE O URSO : A gente não quer só comida, a gente quer comida diversão e arte.

  © SÉRIE O URSO   : A gente não quer só comida, a gente quer comida diversão e arte. Engana-se quem acha que a série O URSO, é só sobre comida e a rotina estressante dos bastidores de um restaurante, como também, o processo de formação de um chef de cozinha, todos seus percalços no mundo competitivo dessa profissão. Digamos que seja a cereja do bolo, ou porque não dizer, a isca que o criador da série Christopher Storer  usa para nos mergulhar em um carrossel de emoções e conflitos humanos. Além da cozinha, O USO faz esse mergulho de atritos familiares, relações amorosas, fracassos, luto, suicídio , empreendedorismos, coragem, gerenciamento de negócios, inseguranças e vai seguindo , nesse bojo de emoções, com um tom de sarcasmo, ironia e humor na medida certa. A série de três temporadas do Canal Disney+ vem sendo cultuada, pelo público e pela crítica: com 23 indicações no total,  O Urso  é agora a comédia com mais indicações na história do Emmy. Se o enredo tem suas peculiaridades

SEU ISAIAS E O FIM DO MUNDO

  Baseado em uma história real.       Capítulo I – A rua dos castrados.   Não há quem se lembre, ou que pelo menos tenham dito: em qualquer esquina, bar ou banco de praça. A cidade é muda e sem memória. Um baú de relicários esquecidos... O fato é que na década de cinquenta, essa cidade (que aqui não terá nome) tinha uma rua de homens castrados. Envoltos em luto e vergonha. Eram homens que se aventuraram em seduzir e prostituir meninas, adolescentes; onde quase sempre acabavam grávidas e se viam vingadas por um grupo denominado “justiceiros de Deus”. Os Justiceiros de Deus eram todos devotos da Igreja católica, mais precisamente frequentadores da Catedral Metropolitana da cidade, e assíduos trabalhadores da pastoral. Dizimistas, organizadores de festas, quermesses e toda ou qualquer organização que envolvesse a Igreja na cidade. Eram em sete, todos com mais de quarenta anos e casados. Uns pais, outros até avós, e agiam com total ratificação de suas esposas. Dizem, e nã

COLOQUIAL AMOR

Coloquial Amor                                                                            Para Moiseane Tobias O amor... Ele nem existe de forma tão cara assim: contém mais em um pedaço de pétala do que em um brilho de diamante. Nem é tão assim exagerado: está mais em um olhar do que em toques e abraços, mais em dois acordes , do que em uma sinfonia inteira. Nem é tão arrumado assim: pode acontecer em um encontro do metrô, em um sorriso de conforto, na crise de asma, e ficar longe de badalações. Nem é tão estação assim: pode caber em um só relâmpago e nem vir com a chuva. pode está na saliva da mordida na fruta e desprezar plantações, neves e pragas. Nem é tão norma culta assim: pode até ter viajado nas antíteses barrocas e nas métricas parnasianas, mas o vejo aqui:   nas inconstantes e inquietas   palavras coloquiais desses versos; querendo e tentando te amar!!! ©José Viana Filho

SEU SANTOS

SEU SANTOS José de Ribamar Silva Santos era um funcionário que todo patrão gostaria de ter: assíduo, discreto e vestia a camisa da empresa como nenhum outro. No caso, a Companhia União Caxiense , dona da fábrica têxtil localizada na praça do Pantheon , área central da Cidade de Caxias no Maranhão, foi a felizarda de tê-lo como funcionário. Supervisor geral da linha de produção, não deixou, nos seus trinta e sete anos de empresa, nenhuma vez a produção cair. Tinha a mão todas as funcionárias, e sempre fez questão de participar de todos os processos de seleção, desde que assumiu a supervisão. Esposo de Dona Iracema Carneiro Lago e pai de Sandra Mara, conhecida como a primeira Dentista da Cidade, e orgulho de Seu Santos. Sempre que ia nas reuniões do Lions Club e exacerbava no consumo de vinho, danava-se a recitar Gonçalves Dias e dizer aos quatro cantos que era pai da primeira feminista da cidade, que criara sua filha para ter independência e saber discernir os males do

JOÃO GOLINHA

JOÃO GOLINHA Ao meio dia, na década de sessenta, o centro de Caxias parava. Não muito diferente das cidades do interior do Maranhão, a terra de Gonçalves Dias, “dormia” na hora do almoço. O sol tinindo do começo da tarde, iluminava praças e ruas praticamente vazias. Vez ou outra era possível ver: uma senhora portando da sua sombrinha, ou um morador da zona rural vindo resolver algo no centro, em suas velhas bicicletas. João Fahd Sekeff, ganhou fama por ter o arroto mais alto da cidade: dizia-se que se ouvia da rua São Benedito, onde residia, até a praça da Matriz. Sendo exagero ou não, já era tradição, pelo menos nos seus arredores, toda a vizinhança esperar os arrotos logo após seus almoços. Eram ali, por volta das treze horas da tarde que eles eram escutados. Começavam tímidos e iam aumentando conforme seu João ia relaxando no decorrer dos minutos. Seu Benedito, músico e militar, um exímio trompetista chegou até a afirmar, que os ditos arrotos tinham sincron

ZEZÉ VIANA

ZEZÉ VIANA Para minha tia Matilde Maria José Ribeiro Viana, a Zezé Viana, era uma figura conhecida na cidade de Caxias no Estado do Maranhão. Em 1987, através do bêbado Zé Portinho, ganhou a alcunha de Xuxa geriátrica. Era motivo de chacota de alguns moradores, por insistir em seus mais de sessenta e cinco anos, em usar minissaias, às vezes branca, às vezes vermelha, com tecido de vinil com um brilho intenso e chamativo. Abusava e muito de uma maquiagem forte e, diziam as mulheres da cidade, bem caricata, parecendo em muitas ocasiões um personagem de circo ou de peça infantil.   Zezé Viana não casara e nem tivera filhos. Era a irmã mais velha, dos seis filhos de dona Iolanda Ribeiro e seu Idemar Viana. Segundo sua mãe, foi aluna exemplar do Instituto São José, uma excelente filha e irmã, ajudando a todos sempre que a chamavam. Ajudou a mãe nas tarefas domesticas até a morte da matriarca, criou todos os seus sobrinhos, que passavam dos vinte e se agregavam em c