Da série grandes diretores...
O surrealista, o ateu, o sádico, o pervertido ou ainda o dono do cinema despojado e que não abria mão de uma disciplina rígida, quando no comando da sua câmera e suas idéias no papel. O imprevisível homem, dono de uma filmografia tão quantitativa como qualitativa (33 filmes), o espanhol que lutou e protestou no mundo os horrores da ditadura no seu país (Espanha), usando sua arte como abstração e sátira ao regime que massacrou a cultura e a vida de milhares de espanhóis.
Luis Buñuel ( 1900-1983) teve a oportunidade de introduzir no cinema a linguagem que Dali e outros expoentes batizaram de surrealismo, com seu “Um Cão Andaluz” (1928) , em parceria com o pintor(que desenvolveu o roteiro) criou uma obra no mínimo intrigante e citada pelo quatro ventos como um dos pontos bases para a popularização do escola surrealista. Alguns anos mais tarde o cineasta romperia de vez com Dali, devido choques ideológicos (o pintor se “acostumou” a cartilha Franquista ).
Exilado, morou nos E.U.A e méxico . Da sua extensa produção mexicana , existem algumas pérolas da narrativa sutil desse mestre dos sonhos e desejos ocultos. Posso citar “Os esquecidos (1950)”,“O alucinado (El de 1953)” , “Nazarín(1958)” , e o clássico “O Anjo Exterminador(1962)” . Todos produzidos com orçamento apertado o que não impediu que Buñuel se mostrasse ao mundo através da sua arte...
Mas está na sua fase final (a famosa fase francesa) , o casamento ideal de suas idéias com o cinema, o público e a crítica. São oito filmes que reservaram ao público de todo o mundo o resumo do que seria a obra do mestre Espanhol. Com a parceira do na época jovem roteirista Jean Claude Carrière foram produzidos nessa fase: “O diário da Camareira(1964) , “Simão no deserto(1965)”, a sua obra prima “A bela da Tarde (1967)”, “O estranho Caminho de São Tiago(1969)”, “Tristana(1970)” , a sua outra obra prima“O discreto charme da burguesia(1972)”, e seu último filme “Esse Obscuro Objeto do desejo (1977)”.
São filmes que resumem todo o pensamento e toda a mensagem (o próprio Buñuel disse isso) do cinema buñueliano, e contem ai nesse termo, todas as perversões, sonhos, política, dores, psicologia. Quem quiser ganhar alguns minutos é tentar alugar alguns títulos disponíveis e ver se de fato exagero ou não ao falar desse cineasta.
“Os filmes de Buñuel se parecem com Buñuel que não se parecia com ninguém” disse Serge Daney. Ele fazia filme para o seu próprio prazer, já disseram, “e deve ser por isso que os foi fazendo devagarinho, com gosto, e viveu tanto tempo sem ficar chato”(resume o crítico Ronaldo Noronha). Sua obra e suas idéias estão aí , para formar gerações e encantar alguém...
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