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ESTALO

ESTALO                           para Moi Quero ver as estrelas ao teu lado... Calado. Ver os sons do espaço... Os sonhos que nos espera se voarmos. Um sono na tua mão. O que nunca vamos ver ou tocar? Lá distante, bem distante quero teu olhar!!!

O ANO EM QUE NÃO PECAMOS

Prólogo Estávamos todos sentados. Um a olhar ao outro, entrecortados  por lembranças fúteis que só se vê em um velório. Era uma tarde fresca e bruta. Estávamos, eu e Júlio, folgados em ternos maiores que nossos números. Fumávamos Belmont. “Para morremos mais rápido”, balbuciava Júlio  sempre ao acender o cigarro. Já haviam se passado  mais de três horas, depois que os corpos chegaram. Era o velório mais longo que já se havia presenciado, a única coisa que nos salvava  a aquele martírio fúnebre, era o café. Uma hora ou outra , ouvia-se um leve som de Vivaldi, tocando alguma estação. Era outono, o melhor mês para se morrer. Todo o cenário já está pronto pronto para receber a doce e velha depressão do inverno, no outono as flores e as folhas migram para nosso coração. Em nenhum momento olhei os mortos, mas ouvia-se comentários de que “estavam lindos”. Se é que pode haver defuntos com alguma beleza a cativar. Estava tenso aquela hora, o café já não me servia e me via a cada insta

SÃO FRANCISCO MARGINAL

CAPÍTULO I – ENQUANTO EU SEI QUE TEM TANTA ESTRELA POR AÍ Era rotina , naquele verão, chegar e apanhar em casa. Mamãe sempre me batia com força na cabeça. Já tinha até acostumado. Relaxava os músculos do pescoço e a deixava bater sem deixar cair uma lágrima. Toda vez que minha mãe pegava meus escritos , poemas sem sentidos, soltos ,pelo quarto, começavam as pancadas. Não admitia , em hipótese alguma, um filho poeta ou desenhista. Queria um advogado, que cuidasse das leis e da pensão dela, para quando ela se separasse do meu pai. Coisa que nunca acontecia... Mamãe me batia porque não tinha outro escape. Seus tapas já não me importavam e muito menos sentia dor. Criei uma rotina de desespero e angústia que suportava tudo. Eram tapas certeiros ao pé do ouvido, que me deixavam horas sem escutar um som. Sua mão só diminuia o ritmo, quando ela notava que não fazia a mínima diferença. Ela saia ralhando pelos cantos e gritava do corredor que era pro meu bem. Eu ficava sentado na