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Mostrando postagens de 2019

SEU SANTOS

SEU SANTOS José de Ribamar Silva Santos era um funcionário que todo patrão gostaria de ter: assíduo, discreto e vestia a camisa da empresa como nenhum outro. No caso, a Companhia União Caxiense , dona da fábrica têxtil localizada na praça do Pantheon , área central da Cidade de Caxias no Maranhão, foi a felizarda de tê-lo como funcionário. Supervisor geral da linha de produção, não deixou, nos seus trinta e sete anos de empresa, nenhuma vez a produção cair. Tinha a mão todas as funcionárias, e sempre fez questão de participar de todos os processos de seleção, desde que assumiu a supervisão. Esposo de Dona Iracema Carneiro Lago e pai de Sandra Mara, conhecida como a primeira Dentista da Cidade, e orgulho de Seu Santos. Sempre que ia nas reuniões do Lions Club e exacerbava no consumo de vinho, danava-se a recitar Gonçalves Dias e dizer aos quatro cantos que era pai da primeira feminista da cidade, que criara sua filha para ter independência e saber discernir os males do

JOÃO GOLINHA

JOÃO GOLINHA Ao meio dia, na década de sessenta, o centro de Caxias parava. Não muito diferente das cidades do interior do Maranhão, a terra de Gonçalves Dias, “dormia” na hora do almoço. O sol tinindo do começo da tarde, iluminava praças e ruas praticamente vazias. Vez ou outra era possível ver: uma senhora portando da sua sombrinha, ou um morador da zona rural vindo resolver algo no centro, em suas velhas bicicletas. João Fahd Sekeff, ganhou fama por ter o arroto mais alto da cidade: dizia-se que se ouvia da rua São Benedito, onde residia, até a praça da Matriz. Sendo exagero ou não, já era tradição, pelo menos nos seus arredores, toda a vizinhança esperar os arrotos logo após seus almoços. Eram ali, por volta das treze horas da tarde que eles eram escutados. Começavam tímidos e iam aumentando conforme seu João ia relaxando no decorrer dos minutos. Seu Benedito, músico e militar, um exímio trompetista chegou até a afirmar, que os ditos arrotos tinham sincron

ZEZÉ VIANA

ZEZÉ VIANA Para minha tia Matilde Maria José Ribeiro Viana, a Zezé Viana, era uma figura conhecida na cidade de Caxias no Estado do Maranhão. Em 1987, através do bêbado Zé Portinho, ganhou a alcunha de Xuxa geriátrica. Era motivo de chacota de alguns moradores, por insistir em seus mais de sessenta e cinco anos, em usar minissaias, às vezes branca, às vezes vermelha, com tecido de vinil com um brilho intenso e chamativo. Abusava e muito de uma maquiagem forte e, diziam as mulheres da cidade, bem caricata, parecendo em muitas ocasiões um personagem de circo ou de peça infantil.   Zezé Viana não casara e nem tivera filhos. Era a irmã mais velha, dos seis filhos de dona Iolanda Ribeiro e seu Idemar Viana. Segundo sua mãe, foi aluna exemplar do Instituto São José, uma excelente filha e irmã, ajudando a todos sempre que a chamavam. Ajudou a mãe nas tarefas domesticas até a morte da matriarca, criou todos os seus sobrinhos, que passavam dos vinte e se agregavam em c

MESMO QUE ACABE NÃO VAI TERMINAR

MESMO QUE ACABE NÃO VAI TERMINAR para Moise Eu me afobei quando te vi: Fugi,desencontrei Passei batido!! Te fotografei Mas não revelei!! Só eu sei que nunca amei porque sei do sabor que foi encontrar tua boca!! Quando tem que ser o verbo já foi ligado; já conjugamos nossa vida. Só eu sei que nunca amei Porque sei, Sabendo, sentindo O que é você ao meu lado. ©José Viana Filho

COM FUSÃO

COM FUSÃO               Para Moi Se confundes o inverso  c om universo O que farias com esse verso ? Quebre esse gelo mergulhe em minha água Sendo rainha Sendo fada... Preciso do teu caminho, quero teu ar para como essa fusão Te amar. ©José Viana Filho

REENCONTRO

REENCONTRO para Moranguinho Tobias Há tanto tempo estás em mim: Ao olhar para a lua Em um passo no asfalto No grito de um gol. Estiveste sempre aqui: Em alguma dança de rua Em um muro pichado Em um gato de rua. Na água Na fome Na roupa No mais básico desejo do instinto Na necessidade mais bruta. A minha canção mais longa Meu Whisky mais puro Meu vício mais límpido... Ao tempo que driblo: Estiveste, estás e estarás Junto a mim!!! ©José Viana Filho

MARIA DO VOVÔ

MARIA DO VOVÔ I A FAZENDA Localizada na área rural de Caxias, Maranhão, no bairro de Trizidela, a fazendo de seu Macêdo, era uma grande área com um pouco mais de três mil hectares de terra. Era apenas uma, das quinze que herdara do seu sogro Frederico Ramos. Casado há quase vinte anos com Matilde, ele escolheu para morar naquela terra que dizia ser o paraíso: pasto, matadouro, açude e até uma cachoeira de águas cristalinas que desembocavam no rio Itapecuru. A casa maior, era em estilo colonial com vinte quartos, sendo doze suítes e diversas divisões, dentre elas: sala de costura, cozinha, uma extensa sala de jantar e uma varanda, que era o lugar predileto de seu Macêdo. Ela era bem grande, e lá ele podia sentar em sua cadeira de balanço e contemplar o pôr do sol, ao mesmo tempo em que, observava seus diversos empregados trabalharem para tirar o boi do pasto, recolher os cavalos, e ainda, observar as empregadas na correria para preparar seu jantar. Ali

A MULHER DO LAURO

Da série "Relicário de Lembranças" A MULHER DO LAURO I Nossa senhora me dê a mão, cuida do meu coração. Era dezembro de 1948, o município de Caxias no Maranhão estava em plena estiagem ou brobó, como assim chamavam os moradores. Era um período de altas temperaturas em todo Estado. Lauro era um coletor fiscal recém empossado, e andava por aquela região montanhosa, cheia de buritis, carnaúbas e bacuris. Era um trabalho insalubre, sempre com estradas nem sempre asfaltadas e com muito, muito calor. Chegar em Caxias aquele mês era alívio. Uma das maiores cidades do Estado, tinha todas a benesses, que um viajante como Lauro, gostaria de ter: um hotel confortável e principalmente um bom restaurante. A cidade vivia os anos de ouro do então prefeito Eugênio Barros, futuro Governador do Maranhão. Sua chegada coincidiu ainda, com os festejos de Nossa Senhora da Conceição, Santa que dava o nome da Igreja da Matriz. A festa atraia muitos devotos, transeunt