Mulheres , Lirismos e Cinema...

Ainda me lembro da primeira nota que li sobre o segundo filme de Karin Ainouz em uma dessas revistas de cinema: O filme seria Rifa-me e contaria a história de uma mulher que se rifa para sair da sua terra natal situada no nordeste. A história me chamou a atenção pelo fato do enredo paracer polêmico e verdadeiro(no meu estado,o Maranhão isso é fato comum, infelizmente). A minha curiosidade principal era saber como seria o próximo trabalho do diretor do excelente Madame Satã.
Pois bem, um ano depois vejo O céu de Suely no festival de cinema de 2006 da cidade do Rio de Janeiro.O segundo filme de Karim Ainouz não era mais rifa-me, mas o enredo era o mesmo: A cidade de Iguatu(sertão cearense) é palco para Hermila Guedes viver Hermila( os nomes dos atores são os dos personagens),personagem que volta de São Paulo com um filho e espera o pai da criança para recomeçar uma vida nova em sua terra Natal.
Os planos de Hermila não se concretizam e ela vê que o pai de seu filho, Matheus, não voltará. Ela se vê mãe solteira e sem emprego.Entre rifas de bebidas , brigas com a avó Zezita , flerte com seu antigo namorado João Miguel e festas com sua amiga Georgina, Hermila tem a idéia de fazer uma rifa, onde o vencedor terá o prazer de passar uma noite com ela.Com o dinheiro ela então iria para bem longe, além de São Paulo.
O filme é das atrizes Hermila Guedes, Maria Menezes, Zezita Matos, Georgina Castro . Talvez exagere ao dizer que nunca vi no cinema nacional interpretações tão naturais, mas se não me falhe a memória esse filme é um marco. O núcleo familiar Hermila, Zezita e Maria levam a história com simplicidade e sem cair em interpretações exageradas.A história que poderia parecer absurda ou cair em um pieguimos dramático social é transformada em um drama familiar e pessoal regido por Hermila Guedes. Destaque também para o ator João Miguel(Cinema , Aspirinas e Urubus) por seu papel de um homem contido e perdido, prestes a explodir a qualquer momento.Falar mais do filme seria cair no mero fato descritivo, atrapalhando a curiosidade de quem ainda não viu e garanto que o filme vai grudar que nem a sua trilha sonora.
O céu de Suely (grande premiado do festival do Rio 2006) é um belo exemplo do que essa nova geração de diretores brasileiros (que estão em seus primeiros e segundos trabalhos) podem produzir mundo a dentro. E Karin Ainouz é , sem dúvida, um dos maiores representantes dessa geração.Ele passou para tela , em seu segundo filme, tudo o que a meu ver, um filme tem para agradar a todos: Sensibilidade, verdade, lirismo sem perder o tom lúdico, universal e oníroco do cinema. E vou ficar esperando seu terceiro filme.
Prêmios Festival do Rio 2006:
Melhor Longa-Metragem Ficção
Melhor Direção - Karim Aïnouz
Melhor Atriz - Hermila Guedes
Prêmios Quanta e TeleImage ? Ficção
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