
Fellini foi um dos diretores mais pessoais da história , usou as telas como um diário. Registrou memórias, impressões, desejos, sonhos. Não se importava com a linearidade das tramas e era apaixonado pela narrativa.Em 1953 escreveu e filmou a primeira grande obra, "Os Boas Vidas", "A Estrada da Vida", de 1954, protagonizado por Giulietta Masina, como a tola Gelsomina, vendida pelos pais a um engolidor de fogo, Zampan, feito por Anthony Quinn, valeu a Fellini um sucesso internacional. E um Oscar. Aí teve pela primeira vez a colaboração do compositor Nino Rotta, que se tornaria até a morte, em 1970, o perfeito tradutor sonoro de suas visões.
"A Doce Vida", de 1959, marcou uma mudança de registro. Fellini passou a falar da alta burguesia, flagrada pelos olhos de um repórter cínico. Marcello Mastroianni tornou-se a encarnação do alter-ego ficcional do diretor. Nunca, antes da "Doce Vida", o mundo romano das festas intermináveis, dos papparazzi da Via Veneto, dos intelectuais angustiados, fora captado em tantos detalhes e crueza.
Magníficas mulheres habitavam o filme, vividas por atrizes como Anita Ekberg e Anouk Aimée. “A Doce Vida" não valeu nenhum Oscar a Fellini. Mas causou escândalo e polêmica em todo o mundo. E consolidou em definitivo o prestígio do cineasta. A partir dessa obra surgiu o adjetivo "felliniano" para definir o mundo onírico e grotesco do artista.
Federico Fellini levou para as telas a vida e os sonhos de todos os dias. Foi um desenhista louco que transpôs visões para a realidade mentirosa do cinema. Uma mentira que ele denunciou e amou. Seus sonhos estarão cravados na memória de quem assiste a suas obras, não exagero em nada quando digo e repito que os sonhos de Fellini iluminam os séculos...
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