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MINHA DOCE RECEITA DE AMOR











CAPÍTULO I - Verão de 2001

Era quase impossível imaginar que ele iria se acalmar. Foram quase seis carreiras de cocaína, cheirados com intervalos de menos de trinta minutos. Encarcerada por quase seis horas, Maria de Fátima se mostrava apreensiva. Trabalhando com o codinome de Polyana, a atendente massagista e profissional do sexo, universitária de Direito, que se dizia poliglota, não contestava em nada o monólogo de Sérgio.
 Ele falava sozinho, gesticulava e dava passos apressados no quarto do hotel quatro estrelas da cidade. Olhava insistentemente pela janela, abrindo de forma discreta a cortina. Saia e voltava, interrompendo por idas ao banheiro, à medida que, cheirava mais uma carreira. Maria de Fátima, a Polyana do anúncio, seminua com um body preto semitransparente, ficou na cama e vez ou outra pedia para Sérgio se acalmar.
Aos berros ele dizia que aquilo não era forma dela ganhar dinheiro, que Deus tinha plano para ela, que ele iria salva-la. E interrompia seus sermões, abrindo a carteira e jogando cédulas de cem reais na direção da cara dela. Ele olhava fixamente nos olhos dela, e se dirigiu ao telefone, arrancando a conexão da tomada. Ele disse então, para ela jamais pensar em ligar para a recepção, nem tampouco usar o celular.
 Era um dos verões mais quentes da cidade de São Luís, interrompidos por diversos dilúvios durante o dia. Sérgio, já suava muito, tanto pelo efeito da droga, como por sua movimentação excessiva do seu corpo acima do peso. Segundo sua interpretação, um helicóptero sobrevoava o hotel, o que o fez correr em direção a Maria de Fátima, esbofeteando-a e ao mesmo tempo dizendo que ela tinha chamado a polícia.
O seu surto só teve fim, quando ele escorregou no banheiro, caindo pateticamente sobre seu braço. O seu grito de dor, foi quase concomitante com o de pedido de socorro de Maria de Fátima, pelos corredores do hotel quatro estrelas da Ilha do amor.

CAPÍTULO II - Outono de 2017

O direct do Instagram de Mariana não parava de tocar. A chamada de um usuário desconhecido, não despertou o interesse de atender. Mariana estava fazendo um relativo sucesso na rede social, por exibir sempre fotos do seu corpo bem malhado, e volta e meia fazer propaganda de sua loja de roupas finas e caras, sendo ela, a modelo. Sérgio insistiu em ligar, e venceu Mariana pelo cansaço.
Ela atendeu e já disse que não o conhecia, ele desligou, e enviou quase que instantaneamente sua foto da carteira de identidade. Ao ligar novamente para Mariana, a mesma já foi bem mais receptiva, falando que o essencial em um homem era o humor. Já abriu a guarda para Sérgio, e imediatamente se seguirem no Instagram...
 Três horas de ligação foi o suficiente para falarem de tudo: vinhos, viagens, sonhos e o tipo de parceiro (a) ideal para dividirem a vida. Sérgio só interrompia a conversa quando mandava fotos da própria Mariana, capturadas do Instagram dela. Elogiava seu corpo, com a mesma sede que fazia juras de amor. Galanteios baratos, que foram envolvendo Mariana a ponto de marcarem o primeiro encontro horas após se conhecerem.
O bar pub escolhido era perfeito para um encontro romântico: piano bar, uma excelente carta de vinhos e um cardápio ideal para um fim de tarde. Mariana já estava encantada com a forma que Sérgio conversava sobre tudo. De filmes do Scorsese, a arquitetura de Florença, da potência do motor dos carros de fórmula 1 aos títulos mais importantes do flamengo.
Depois de três garrafas de um bom vinho tinto português, e uma rodada de Stek tartar, risos, troca de carícias e olhares, Mariana aceitou namora-lo. Sérgio, com uma euforia nitidamente forçada, gritou em alto e bom som para todos que ali estavam que amava Mariana. Esforçou-se para escolher uma música para o pianista tocar, porém com três tentativas negadas, desistiu olhando para Mariana e recitando em capela uma dessas músicas sertanejas universitárias. Mariana não pareceu envergonhada, agradeceu tamanho romantismo em pleno século XXI, e nem se importou em pagar a conta sozinha, pois Sérgio não encontrou nada em seus bolsos.


CAPÍTULO III - Inverno de 2008

Sérgio segurou o pescoço de Sandro e bateu com cabeça dele no vidro do carro do seu, até então, amigo. Sandro sangrava e atordoado com a investida de Sérgio, ficou sem reação até entender que se tratava de um assalto. Três homens encapuzados, colocaram Sandro rapidamente no porta malas , com as mãos amarradas de forma amadora e sem capuz.
Sandro respirou fundo e tentou se acalmar para entender a real situação: sequestrado, ferido e com seu dileto amigo sendo o arquiteto do crime. Da porta malas , ele ouvia Sérgio dizer que o carro daria um bom dinheiro, e que se pressionasse a vítima ainda teria direito a saques na conta e no cartão de crédito. Ouviu ainda, a resposta que Sérgio deu aos parceiros do crime: que teria que matar Sandro para não ser denunciado.
Sandro começou por fim a tentar se soltar, enquanto ouvia piadas e estórias de quatro sequestradores seus. Pareciam se divertir e não entender que tudo que se falava Sandro ouvia. Soube por exemplo que se dirigiam ao centro, em direção ao centro histórico de São Luis. Lá tentariam ter a senha de Sandro, efetuar o saque para depois mata-lo e desova-lo na lagoa do Bacanga.
O nó amador, que um dos parceiros de Sérgio dera, foi facilmente desatado pela força que Sandro imprimiu nos punhos amarrados. Mesmo com uma forte dor de cabeça, consequência direta da pancada no vidro do seu carro, ele ainda teve a perspicácia de pegar uma chave de fenda solta no seu porta malas, conseguindo sem muito esforço abri-lo. 
Sérgio era o mais animado no carro, sua voz ficava em destaque com seu riso alto e meio desconexo para o momento. Os sequestradores falavam em diversos assuntos: dos buracos da cidade ao jogo do campeonato brasileiro, do mal que a tiquira faz ao tomar banho após bebê-la. Uma discussão inútil começou para saber quem tinha mais títulos: Sampaio Correa ou Moto Clube.
A discussão estava tão acalorada, que grande foi o susto dos quatro amadores, ao perceber que Sandro fugia, e, aos berros, pedia ajuda pela Avenida  Senador Vitorino Freire, próximo ao terminal da Praia Grande. À medida que Sandro corria os quatro patéticos meliantes, amantes de camarão seco com tiquira e futebol, aceleravam o carro, “desovando-o” posteriormente o veículo e não seu dono, sem dinheiro ou qualquer prova de que o crime compensou.

CAPÍTULO IV - Inverno de 2018

Sérgio fez questão de conhecer um restaurante caseiro de uma das melhores amigas de Mariana. Falou que entendia de vinhos como ninguém, e desfilava sua falsa sapiência etílica para a admiração cada vez maior de Mariana. Foram em uma sexta feira, que aliás, sua amiga Flora fazia questão dos amigos irem: uma música ao vivo estilo MPB violão, e um cardápio variado de peixes e frutos do mar.
Era uma noite com clima agradável, com direito até a um eclipse lunar, com pelo menos umas oito mesas sendo servidas. Mariana e Sérgio chegaram, cumprimentaram os amigos que lá estavam, e seguiram para a sua mesa reservada. Sérgio fez questão de conhecer o cozinheiro e também dono do estabelecimento. Murilo era chefe de cozinha e marido de Flora, e foi o primeiro a desconfiar da forma amável forçada de Sérgio.
Mariana pediu a entrada com camarões, enquanto Sérgio estava irrequieto para falar com Flora. Pedia ao garçom quase que insistentemente pela dona do estabelecimento. Enquanto comia compulsivamente camarões e bolinhos de bacalhau, intercalados com diversos goles de cerveja, caipirinha e vinho tinto escolhido pelo valor mais caro. Mariana só atentou para o estado de Sérgio, após chegar o prato principal: uma pescada ao forno com molho de alcaparras, onde foi devorado em minutos por Sérgio, quase não deixando nada para Mariana, que a essa altura já sabia do alto estado etílico do seu companheiro apaixonado e falso amante dos vinhos.
 Quando Flora se aproximou da mesa já presenciou sua amiga Mariana preocupada, tentando impedir que o seu novo amor, parasse de comer com as mãos, e de, com mais urgência, que ele parasse de beber e ou que interrompesse imediatamente a mistura de bebidas. Flora se aproximou e teve que aguentar o hálito alcoólico de Sérgio, seguido de um aperto de mãos besuntados de peixe, molho de alcaparras e camarão com côco.
Sérgio disse aos berros que amava Mariana, e misturava assuntos, como uma proposta de consultorias, para o restaurante de Flora e Murilo deslanchar como a melhor franquia de marisco da Ilha de São Luís, para por fim, terminar a noite carregado até o carro por Murilo e o garçom Roberto, enquanto Mariana pagava a robusta conta.

CAPÍTULO V - Outono de 2010

Cândida interrompeu seu sono, olhou para o relógio que apontava para as 03h15min da manhã de uma quarta feira. Seus vizinhos, Leonor e Alberto, pediam, por favor, para parar a quebradeira. Cândida ouvia barulhos de copos e pratos quebrando, com intervalos da voz de Sérgio; sempre ameaçando com um tom altíssimo seus pais. Cândida foi testemunha também, das agressões físicas que ele cometia contra seus vizinhos, sempre educados e atenciosos.
Assim como Cândida e outros vizinhos trataram, ou pelo menos tentaram chamar a polícia algumas vezes durante a madrugada; sem sucesso, todos tiveram que esperar o espancamento moral e físico dos doces vizinhos pelo seu filho Sérgio. Cândida, pela manhã, ainda teve o desprazer de encontrar Sérgio no elevador, nitidamente alterado carregando uma televisão de plasma.
Foram mais de sete dias seguidos de gritarias, louças quebradas e moveis confiscados por Sérgio. Seu Alberto já aparecia nas áreas comuns com o braço enfaixado, com sua esposa já expondo suas marcas e roxos pelo rosto e pescoço. Cândida tentava incentiva-los a denunciar o próprio filho, mas sempre recebia a resposta de quem amava o filho, e também, estavam convencidos de que pouco iria adiantar tomar qualquer atitude.
Em um sábado chuvoso em São Luis, Cândida mais uma vez encontrou-se com Sérgio. Com uma simpatia fora do comum e carregando duas caixas de pizzas, que exalava um cheiro de calabresa e mozzarella, no apertado elevador. Ele se voltou para ela, com um sorriso de quem reencontrou sua melhor amiga. O elevador abriu, com os dois saindo e Sérgio colocando imediatamente, as duas caixas de pizza sobre o chão do corredor.
Abraçou Cândida como se não a visse desde o ano passado. Chamou-a imediatamente para comer com seus pais, e mais os dois irmãos, a pizza que havia comprado. Apressou-se em retirar um cartão do bolso, pois Sérgio sempre evocou para se, o título de consultor de empresas. Enquanto Sérgio se empolgava em descrever suas qualidades profissionais, Cândida se afastava para entrar quase que imediatamente em seu apartamento. Sérgio continuou falando e interrompeu seu monólogo, pegando as caixas do chão e esmurrando a porta do apartamento dos seus doces pais.

CAPÍTULO VI – Verão de 2018
Leonor e Alberto eram os mais enérgicos ao cantarem o louvor da igreja. A letra dizia que o que parecia impossível, Jesus tinha mudado a sua sorte. O pastor Gustavo tratou de chama-los para o testemunho mais esperado do dia: como o filho Sérgio havia se livrado da dependência química, das más companhias, incluindo parceiras demoníacas que o levaram ao mundo do crime. Sérgio aparentava muita calma, e ao seu lado Mariana com os olhos fechados, gritava as alturas que “haverá um milagre dentro de mim”, a cada intervalo do longo testemunho dos pais de Sérgio.
Leonor parecia em transe, e toda hora evocava a música inicial para ilustrar o seu testemunho. Apontava para Sérgio e sua namorada Mariana, que o casal era o exemplo de que Deus torna o impossível em amor. Ela dizia que era um milagre e estava ali, aos olhos de todos os fiéis, pediu para Jesus usa-la , falava que era a imagem e semelhança do senhor, que Jesus mudou definitivamente a sua sorte. Alberto muito emocionado apertava a mão de sua companheira, e olhava fixamente para seu filho sentado no banco a sua frente.
Mariana pouco observava o testemunho dos sogros, ficava com os olhos fechados, com a cabeça olhando para teto. Era a mais empolgada, ao repetir o refrão que Leonor puxava e pedia, aos amigos e fiéis presentes, aquele dia no culto. Mariana só abriu os olhos, quando dona Leonor pediu para o casal levantar e pediu de forma enfática que todos aplaudissem. Seu Alberto tomou a palavra e foi categórico ao dizer: Mariana veio ao mundo para amar, servir e ajudar Sérgio nessa nova estrada.
O Pastor Gustavo retomou a palavra, dizendo ser Sérgio um exemplo de força e fé, e que Mariana era seu complemento. Que a cocaína não vencera a força do Senhor, e que seus crimes de estelionato, eram apenas brincadeiras de um adulto que teimava em não amadurecer. Levantou a mão e olhou para o teto da sua igreja, e com voz alta e firme, desafiou a ex-mulher de Sérgio, diante do senhor, a vir falar das agressões sofridas. Falou que as injúrias e mentiras seriam voltadas contra ela, que a justiça divina seria a verdadeira salvação.
O Pastor Gustavo chamou o casal ao centro do palco e segurando o braço de Mariana, afirmou que ela sim, era a mulher e companheira verdadeira. Que aguentaria qualquer dificuldade da vida ao lado de Sérgio, que inclusive estava ciente da luta dele com o álcool. Jesus mudou a sorte dele, e mudará do casal. Assim seria. Tudo teria saída, e aquela união estava abençoada aos olhos do senhor. O pastor terminou o sermão abraçando o casal aos prantos.

CAPÍTULO VII – Primavera de 2016

Sérgio desceu do metrô de São Paulo, na estação Oscar Freire e se encaminhou direto para o Instituto do Câncer de São Paulo. Na portaria, solicitou o quarto da paciente Lúcia, esposa de Humberto. Uma maranhense que tratava há quase dois anos, um câncer de mama já em estado avançado. Tal qual foi à surpresa de Humberto, ao ver Sérgio em terras paulistas e ainda visitando sua parceira em tratamento.
Sérgio mostrou toda solidariedade, abraçando Humberto, e conversando por quase duas horas com a paciente Lúcia. Humberto, espantado com aquela visita inusitada, pois tinha conhecido Sérgio de forma rápida e imprecisa em uma festa de aniversário do seu irmão, em São Luís do Maranhão. Conversaram algumas horas, o suficiente para Sérgio saber da lutada esposa de Humberto contra o câncer. Suficiente também, para o folgado visitante daquela manhã no Instituto do Câncer de São Paulo, saber que dia o casal viajaria para São Paulo.
O amigo de última hora convidou Humberto para sair um pouco daquele ambiente insalubre: propôs um restaurante famoso, que seria por conta dele, logo ali em Pinheiros, na Mário Ferraz. Sérgio se adiantou e disse que seria após o almoço de Lúcia, quando ela geralmente descansava. Disse também, que era primordial que Humberto mostrasse disposição e otimismo a sua mulher. Sair do hospital e aproveitar o que a cidade tem de melhor, a gastronomia. Seria ideal para ele levantar o astral, repetia quase como um mantra, para seu melhor amigo da última semana.
Os dois então chegaram ao restaurante francês, que servia um único prato: bife e batata-frita, com um molho que era o segredo do sucesso do mesmo. Sérgio se empolgava com a carta de vinhos, à medida que se enlambuzava de filés e batatas. Humberto se admirava do apetite do “pseudogrande” amigo, e sentia de certo modo, pena de Sérgio. Enquanto Humberto se perdia em pensamentos, Sérgio bebia freneticamente mais uma garrafa de vinho, e, no momento da conta, adiantou-se que iria transferir para conta de Humberto, pois havia esquecido o cartão no seu hotel. Humberto teve que arcar com toda a despesa, assim como, aguentar um abraço demorado, uma tentativa de beijo na boca, seguido de um choro compulsivo de Sérgio, que, segundo o mesmo, Humberto já se tornara seu melhor amigo, e dizia aos berros: “quem paga vinho se eterniza...”.

CAPÍTULO VIII – Inverno de 2018

Luiza era a mais desesperada ao ver a ficha corrida de Sérgio. Duas páginas que continham estelionato, assalto a mão armada, cárcere privados, agressões a esposa, tentativa de homicídio... Um baquete de crimes para quem quisesse escolher. Flora olhou e questionou a veracidade daquilo, afirmou que só podia ser montagem. Ula tratou logo de dizer que foi retirado da delegacia do seu esposo Hector. A única brincadeira seria a de Mariana em se envolver com um tremendo 171, completou. Luiza afirmou também, que os pais de Mariana já estavam sabendo do currículo do genro e todos estavam temendo acontecer o pior.
Luiza era ainda, a amiga mais engajada em alertar Mariana, mas recuou perante o aviso de Hector: Sérgio podia parecer inofensivo, mas sua ficha era de um profissional do crime e violento. O bom senso alertava que seria infelizmente, uma missão para sua família, para o pai principalmente, que mesmo cardíaco teria que tomar a frente e alertar sua filha. Flora ficou preocupada, inclusive, pelo restaurante dela ser frequentado por um bandido. Luiza, irrequieta, tratou de ligar para Rachel, irmã de Mariana, para passar tudo que havia descoberto do seu cunhado...
Rachel estava fixamente olhando para Mariana, em um café no shopping São Luís. Mariana olhava as três folhas de ficha corrida do agora noivo Sérgio. Ia e voltava com os olhos, às vezes parando para fecha-los e balbuciar algumas palavras como: “senhor venci”. Rachel que já perdendo a paciência, perguntou se Mariana queria trazer aquele aprendiz de marginal para a família dela.  Para ela pensar e refletir bem, porque ali seria o rompimento definitivo entre as duas, caso ela insistisse naquela história bizarra de amor. Rachel também atentou para ela ter cuidado com a loja de roupas da sua mãe, e principalmente não envolver sua filha adolescente, Patrícia, nesse turbilhão de desestruturas e desequilíbrios.
Mariana, calmante levantou, rasgando as três páginas de ficha corrida e deixando sobre a mesa com uma xícara de café já bem frio. Falou que ela jamais saberia o que era felicidade amorosa. Que a mãe dela e a própria Rachel jamais quiseram a felicidade dela. E que agora, com a transparente e linda união com Sérgio, as duas despertaram a inveja. Pediu respeito e distância, e que jamais mostrasse essa extensa ficha corrida do seu marido, as suas amigas, Flora e Luiza. Olhou bem nos olhos de Rachel, pediu para ela pagar a conta e disse:
“Jesus mudou minha sorte ...sou um milagre e estou aqui” e saiu.



************** FIM******************




©José Viana Filho

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