
MALANDRO SAMBISTA CARIOCA DA GEMA

O ano era 1998 e a Estação Primeira de Mangueira não ganhava um título há exatos 11 anos .Na última vitória a escola havia homenageado o mestre da poesia Carlos Drumond de Andrade(em 1987). A verde rosa carioca estava quase passando os anos 90 em branco. O carnaval na década de 90 estava dominado pelas escolas Mocidade e Imperatriz, com seus carnavais temáticos, ricos e cheios de coreografias que tornaram o desfile das escolas de samba ,um espaço para a pirotecnia, palco de circo e obsessão pelo perfeito , arrumadinho, evolução de balé de municipal e outros incrementos e etcs (que na minha opinião deixam o carnaval cada vez mais falso) .
Esqueceram porém o principal nisso tudo, o samba, a harmonia natural, o conjunto da união de uma comunidade que trabalha unida. Com o tempo esse valores foram perdidos e graças a jurados cada vez mais entendidos de escolas fizeram da Marques de Sapucaí uma porta aberta para uma festa cada vez mais longe do sentido primordial da palavra carnaval: Alegria com autenticidade.
Estação Primeira de Mangueira não entrou nesse esquema de carnaval (pelo menos até o ano de 1988) e abriu a Sapucaí homenageando o grande Chico iluminado. Chico Buarque de Holanda , o enredo, resgatou pelo menos naquele ano, o sentido verdadeiro do desfiles. Um carnaval alegre, um samba inteligente e uma harmonia inesquecível...

A Verde Rosa carioca provou na época que ainda era o berço do samba, que se mordenizara sem perder suas origens. Foi um carnaval inesquecível, a altura do homenageado.
Para recordar abaixo a letra do samba.

Samba-Enredo 1998
Chico Buarque de Mangueira
Nelson Dalla Rosa, Vilas Boas, Nelson Csipai, Carlinhos das Camisas
Mangueira despontando na avenida
Ecoa como canta um sabiá
Lira de um anjo em verso e prosa
De um querubim que em verde e rosa
Faz toda a galera balançar
Hoje o samba saiu
Pra falar de você
Grande Chico iluminado
E na Sapucaí eu faço a festa
E a minha escola chega dando o seu recado
É o Chico das artes... O gênio
Poeta Buarque... Boêmio (bis)
A vida no palco, teatro, cinema
Malandro sambista, carioca da gema
Marcando feito "tatuagem"
Acordes do seu violão
Chico abraça a verdade
Com dignidade contra a opressão
Reluz o seu nome na história
A luz que ficou na memória
E hoje o seu canto de fé (de fé)
Vai "buarqueando" com muito axé (bis)
Ô iaiá... vem pra avenida
Ver "meu guri" desfilar (bis)
Ô iaiá... é a Mangueira
Fazendo o povo sambar
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