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MATCH POINT DE WOODY ALLEN


O PONTO FINAL DE UM MESTRE




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Escrevi sexta-feira (dia 03 de fevereiro) passada no Miscelânea sobre a Maratona Odeon Br, que acontece na primeira sexta de cada mês. Pois bem, o filme mais esperado para ser visto no circuito nacional era Match Point (Ponto final) do diretor Woody Allen. Tanto que os ingressos acabaram antes das vinte e duas horas; eu, por exemplo, fui o penúltimo da fila (sorte a minha!).

E toda a ansiedade foi devidamente consumida para ver o que todos já haviam falado no Festival de Cannes de 2005: Woody Allen se superou. Longe daquele seu humor mais pop, que vinha sendo disparado nos seus últimos filmes (desde Poderosa Afrodite) ele, (em Match Point) pára e dispara sua câmera de uma forma densa, direta e cruel. Não há humor, mas ainda reside o olhar observador e crítico sobre o relacionamento homem/mulher e sobre a sociedade que os cerca.

Não há jazz, há óperas de Donizetti, Verdi e Rossini. Não há a classe média alta de Nova Iorque e sim uma burguesia londrina, o que faz o clima do filme ser ainda mais "operístico" diante dos fatos que ocorrerão. Não há atores americanos trabalhando por um décimo do cachê habitual, há sim um excelente elenco britânico, exceto pela loira Scarlett Johansson, que prova ser uma das melhores atrizes de sua geração, nos vários sentidos que isso possa ser entendido. Também não há Woody Allen atuando...

As substituições dos velhos clichês do diretor tornam a nossa curiosidade cada vez maior com o decorrer do filme.O jovem jogador de tênis irlandês Chris Wilton (Jonathan Rhys-Meyers) vai tentar a vida em Londres. Cansado das grandes turnês de tênis, procura ensinar o seu ofício clubes londrinos da alta sociedade. Consegue um emprego, conhece um rapaz rico da família Hewett. A partir daí começam os "plots" que irão nos levar a trama macabra de "Match Point". O jovem Chris se "apaixona" e se casa com a irmã do seu aluno rico Chloe Hewett Wilton (Emily Mortimer). Vai trabalhar nas empresas do pai de sua esposa, tem a simpatia do sogro e da sogra, apartamento caro, motorista, viagens e tudo que a burguesia londrina pode oferecer. Uma jogada de mestre.

O problema, (ele tem que existir lógico) é que antes de se casar o ex-tenista conhece a namorada do seu cunhado: Nola Rice, uma aspirante a atriz americana vivida por Scarlett Johansson.A loira fatal se separa de Tom Hewett (Matthew Goode) e viaja sem deixar rastros. Até que o destino os coloca de novo frente a frente para viver uma paixão "caliente" que dá literalmente frutos (ela engravida). A gravidez força (por pressão da amante também) Chris Hilton a lutar por um impasse: deixar sua vida burguesa por uma grande paixão (sem dinheiro) e filho . Será que vale a pena?

Woody Allen nos apresenta uma solução dotada de cinismo, terror e frieza. O melhor desse filme não são as atitudes que fazem de Chris Hilton um personagem perfeitamente canalha, mas sim no último suspiro do roteiro que faz que a gente pense que a vida além de ópera pode ter sempre um ponto final surpreendente. O filme é envolvente, tenso, amargo e obrigatório.


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