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PARAÍSO AGORA

A Palestina se mostra ao mundo...


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O Cinema é antes de tudo duas coisas: coletividade e política. Não importa o gênero, o país, o tipo de financiamento, o tema abordado etc e tal. Engana-se que pensa que o cinema pipoca, sem cérebro, de Batmans, Kongs e cia não contenham essas duas máximas. Todo filme é uma reunião de idéias partindo de um coletivo, quanto maior a produção então, nem se fala. E não existe política maior do que a campanha e posterior distribuição de um filme. O produto precisa ser vendido e o público convencido a comprar a idéia, independente de qual seja a estética e a abordagem.

Mas porque diabos estou falando disso? Bom, o filme Paradise Now (que vi recentemente), me fez parar para pensar nisso. A Palestina foi patrocinada por vários países (França, Alemanha, Holanda e até Israel) para conseguir fazer o filme, um exemplo claro de coletividade para se conseguir financiamento e chegar ao produto final. Aliás, essa é a tônica dominante em países mais pobres, como o Irã. E até a Argentina usa de financiamentos europeus para conseguir continuar produzindo.

A Política que falo não é necessariamente na história, mas sim pelo fato de que esse filme marca um reconhecimento inédito: através do filme a Palestina pôde contar até com uma indicação para o Oscar e ganhar um Globo de Ouro nos Estados Unidos. E ainda mostrar ao mundo (em diversos festivais) um pouco da ótica do terrorismo. Um belo e exemplar começo para quem quer de fato aparecer ao mundo.


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Paradise Now conta a trajetória de dois amigos de infância que são recrutados para um atentado suicida em Tel Aviv. Dois homens comuns, cansados da prisão de um território cercado por cercas e fuzis judeus, resolvem seguir o discurso radical dos terroristas locais e irem direto para o céu como heróis. Tornam-se portanto homens bombas.

O filme se desenvolve no que será o último dia desses dois amigos. Desde a despedida dos familiares, até ao ritual preparatório para o ato em si. Dentro disso tudo ainda sobra espaço para expor (de maneira genial) um pouco da discussão sobre viver aprisionado, sobre a palestina se mostrar ao mundo, se existe uma melhor forma de protesto que não o terrorismo. Uma voz feminina ecoa com lucidez (papel de Lubna Azabal) perante o ato insano dos dois amigos. E ainda sobra tempo para criticar a comercialização e o pseudo-endeusamento dos homens bombas.

O final (sem trilhas insuportáveis e com o silêncio total ligando aos créditos) nos faz mergulhar ainda mais em uma reflexão após sair da sala. A Palestina soltou seu grito, se mostrou ao mundo, sem apelar para bombas e ou discursos deturpados da religião Islâmica. Fez de forma perfeita sem matar e ou explodir ninguém.

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