Pular para o conteúdo principal

PAULO LEMINSKI FILHO

O SAMURAI MALANDRO


Image hosting by Photobucket




Gostaria de escrever teses e estudos sobre a obra de Paulo Leminski, mas não vou poder fazê-los. Meu conhecimento segue restrito a sua poesia, embora ela represente sua alma, ao que de fato esse Malandro Zen veio mostrar ao mundo. Sobre sua poesia sinto-me inteiramente à vontade, posso discorrer o que ela me passou, mas sempre aqui com a visão de leitor, onde de fato, começa sua influência em minha vida. Ler Leminski, ter descoberto sua obra, foi na verdade um caminho lento e gostoso. Sua poesia passa sobre a minha existência quieta, calma, suas rimas vem a mim como quem pede para ser inspirado, devagar... Parece que suas palavras caem como folha de outono. Deslizam sobre meus olhos e descansam em meus pensamentos.

É uma sinfonia de palavras, que arrebatam e acompanham minhas idéias. Parece que seu legado poético tem o dom de ensinar e ao mesmo tempo rir de você. O que parecem às vezes palavras soltas são na verdade lições de vida, diria até ordens e conselhos. Sua obra é curta, porém, são nas suas poucas poesias que ele nos revela toda a sua sabedoria de "mestre oriental". Leminski foi muito mais que o marginal, o mestre dos haicais, o professor de frases curtas que usou e abusou da linguagem publicitária, foi além disso tudo, pintou e bordou sobre os céus de Curitiba, driblando as estações do seu Estado para ganhar, enfim o mundo.


CAPRICHOS E RELAXOS, DISTRAÍDOS VENCEREMOS e LA VIE EN CLOSE, são três livros essenciais para quem quer de fato mergulhar neste mundo de poesia e "algo" mais. Leminski (com sua poesia) me ensinou não só a ter paciência com a rima, bem como, a economizar palavras para descrever o mundo. Ensinou-me a arte de esperar, o bote certo para espargir sentimentos, o minuto correto para falar de amor, de dor, de ódio, ensinou até, a hora de parar, do não dá mais, de rasgar o papel, de dizer chega. Com sua poesia sinto-me seguro para entender de fato o que diabos se passa pela nossa cabeça ao escrever, colocar para fora o que na verdade todos querem esconder. O porquê de tudo isso, essa poética e esse vício, me ensinou até a esquecer. É muito mais que professor, é o autor que me confesso.

Fico devendo aqui, comentários sobre os livros que não li. "Catatau"(só li "Agora é que são elas") e seus ensaios biográficos sobre Jesus, Bashô, Cruz e Souza e Trotski (Reunidos em uma só coletânea, "VIDA"), não li, mas ainda há tempo. Tempo também para ler suas traduções, Satiricon (Petrônio), Malone Morre (Samuel Beckett) ou Pergunte ao pó (John Fante), se um dia essa obras cruzarem meu caminho devorarei todas elas, com certeza. Lá deverá ter não só a obra em si traduzida, mas o leve toque desse Curitibano Zen, que como ele mesmo escreveu: "nadando num mar de gente, deixei lá atrás meu passo à frente" e atrás estamos, Leminski, tentando te encontrar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

OS BONS COMPANHEIROS DE MARTIN SCORSESE

OS BONS COMPANHEIROS (Goodfellas, 1990) De Martin Scorsese SINOPSE: Garoto do Brooklyn, Nova York, que sempre sonhou ser gângster, começa sua "carreira" aos 11 anos e se torna protegido de um mafioso em ascensão. Sendo tratado como filho por mais de vinte anos, envolve-se através do tempo em golpes cada vez maiores. Neste período acaba se casando, mas tem uma amante, que visita regularmente. Não consegue ser um membro efetivo, pois seu pai era irlandês, mas no auge do prestígio se envolve com o tráfico de drogas e ganha muito dinheiro, além de participar de grandes roubos, mas seu destino estava traçado, pois estava na mira dos agentes federais 1 . ANÁLISE DO FILME: Baseado no bestseller de Nicholas Pileggi "Wiseguy", que conta à vida do contraventor Henry Hill, "Os Bons Companheiros" é um projeto pessoal do diretor Martin Scorsese. O filme vai funcionar como um resumo de tudo o que o estilo "Scorsesiano" traz de

POEMA COGITO DE TORQUATO NETO

UM POEMA QUE ME FEZ LEMBRAR Ao encontrar e ler , de Torquato Neto o poema Cogito ,na mesma hora esqueci do que realmente procurava... Poesia tem dessas coisas: lemos, absorvemos e ficamos pensando no que poderia ter feito ou sentido o poeta para se expor tão a fundo, e adentrar em nossas mentes e fazer o tempo voltar como uma espiral... Torquato pertence ao grupo de poetas que viveram pouco (apenas 28 anos), deixaram uma obra curta e nem por isso fizeram mal uso das palavras nos poucos anos que tiveram para criar. Ele também pertence ao grupo de poetas suicidas , um dia após completar 28 anos de idade (Ele nasceu em Teresina, Piauí, em 09 de Novembro de 1944), ligou o gás do banheiro e suicidou-se. Deixou um bilhete: "Tenho saudade, como os cariocas, do dia em que sentia e achava que era dia de cego. De modo que fico sossegado por aqui mesmo, enquanto durar. Pra mim, chega! Não sacudam demais o Thiago, que ele pode acordar"( Thiago era o filho de três anos

"AGORA É QUE SÃO ELAS" DE PAULO LEMINSKI

Agora é que são elas (1984) é o segundo romance do Samurai malandro curitibano(o primeiro foi Catatau), uma obra que por muito tempo permaneceu inédita.Privilégio apenas de poucos leitores e sebos. Mas que finalmente , graças à fundação Cultural de Curitiba, a prefeitura de Curitiba e a Editora Brasiliense, esse romance sai da lista underground de bares e discussões e torna-se aberto ao público em geral, os amantes e novos leitores da obra do genial poeta mestiço Paulo Leminski . A leitura é rápida, fácil e divertida.Um vai e vem de verbos e orações balançam sua cabeça, tudo misturado com um certo suspense (quem tiver labirintite eu não indico)... Seria maldade contar qualquer detalhe do enredo aqui. Deixo com vocês uma frase do livro Catatau (para ajudar a explicar o que quero dizer) e a sinopse que tem atrás do livro: detalhes às vezes não importam . Boa leitura para quem se interessar. As aparências enganam, mas, enfim, aparecem, o que já é alguma coisa, comparando com outras que